Atleta vence “Ribeirão em Minha Vida”

23 de setembro de 2020 em  Notícias Perplan

Concurso Perplan

A história de Thalys Oliveira Pontes foi a vencedora do concurso da Perplan “Ribeirão em Minha Vida”. Ele ganhou um passeio de helicóptero de uma hora pela cidade. Entre tantas trajetórias de lutas e sucesso inscritas, a do fenômeno do Jiu-Jitsu emociona e inspira por mostrar, principalmente, que é possível vencer um destino quase que inevitável no Brasil de sempre, aquele a que a milhares de meninos e meninas da periferia estão submetidos: o envolvimento com o tráfico de drogas e o crime. A primeira grande vitória de Thalys foi ter dado um duro golpe no destino e feito do Esporte um novo caminho.

Nascido e criado no bairro Ipiranga, na Zona Norte de Ribeirão Preto, começou a treinar Jiu-Jtsu aos 12 anos. “O esporte mudou a minha vida e a de toda a minha família”, diz o jovem. Ele conta que começou a treinar em um clube levado pelo tio David Bruno, que já treinava lá. “Ele não aguentava mais me ver dando trabalho e dor de cabeça para minha mãe, que trabalhava em três empregos para fazer por mim o que ninguém nunca havia feito por ela. Tive uma infância repleta de má influência, convites errados, amizades erradas”, lembra.

Obstinado, Thalys encontrou no Esporte uma razão para sonhar. Percebeu que o Jiu-Jitsu fazia aflorar o que ele tinha de melhor: sua garra, sua determinação, seu desejo de vencer. Foi assim que se apaixonou pelo esporte que o transformou, tornando-o um dos principais nomes da Federação Internacional de Jiu-Jitsu.

Número 1 do mundo

Antes do concurso da Perplan, ele venceu inúmeros campeonatos nacionais e internacionais e foi considerado, em 2018, a revelação do Brasil em sua categoria, por ter se tornado o número 1 do Ranking Mundial em todos os pesos da faixa azul. Entre seus principais títulos estão 1º lugar no Ranking Mundial 2019 (com e sem quimono), duas vezes campeão mundial geral, campeão Pan Americano e campeão Pan Pacific e três vezes campeão europeu.

Venceu todos os maiores eventos do esporte em 2019. Conquistou o topo do pódio e se tornou o número 1 do Ranking Mundial em todos os pesos duas vezes consecutivas em sua nova faixa em menos de seis meses – conquista que fez dele o atleta mais rápido a se tornar o número 1 do mundo entre duas faixas.

Para chegar até ali não foi fácil. Chegou a treinar em várias academias de Jiu-Jitsu diferentes de Ribeirão Preto para ganhar técnica, se aprimorar e deixar mais perto o sonho de ganhar dinheiro e ser campeão lutando – agora, de uma forma bem diferente daquelas lutinhas com os garotos de sua rua e até de outros bairros.

Mudou de vida para ver a mãe sorrir e se orgulhar

“Em uma das minhas primeiras lutas, ainda em Ribeirão Preto, implorei para minha mãe faltar ao trabalho e ir me ver. Ela foi e eu botei pra quebrar e fui campeão. Mais importante que a competição foi ver, pela primeira vez na vida, um olhar de orgulho e felicidade transbordando dos olhos da minha mãe e do meu tio. Aqueles olhares e os abraços foram como avisos de Deus. Depois daquele dia não quis mais saber de nada além de treinar para ser campeão”, recorda.

O esporte fortaleceu ainda mais o vínculo entre mãe e filho. Thalys, aos 15 anos, via que ela, dentro de suas possibilidades, dava seu máximo para educá-lo. “Ela trabalhava em três empregos para me ajudar a buscar um futuro e um jeito honesto de ter o que comer na geladeira”, fala.

“Tenho muito orgulho do caminho que ele escolheu para a vida. Sou mãe solteira e o fato dele ter escolhido o Jiu-Jitsu me ajudou a educá-lo, a dar disciplina. Ele me faz a mãe mais feliz do mundo, porque quer ser o melhor esportista do mundo, o melhor filho do mundo, o melhor homem do mundo”, afirma Luciana de Oliveira, 39 anos, mãe de Thalys Pontes.

Uma carona ruim e a viatura “salvadora”

Nada nunca “caiu do céu” para os dois. Tudo foi conquistado com muita penúria e muito esforço: “Eu treinava muito, o dia inteiro. Percorria Ribeirão Preto de bicicleta para treinar. Como não tinha dinheiro, pedia para treinar e, em troca, ficava até mais tarde para limpar as academias”.

Thalys conta que, um dia, pegou carona com um conhecido, que não acreditava que pelo esporte o adolescente pudesse conquistar uma vida melhor. Isso aconteceu em um momento no qual ele já estava muito cansado, desanimado e alguém quis colocá-lo ainda mais para baixo, dizendo que nada daria certo, que tudo não passava de um sonho e que seu futuro seria se tornar, no máximo, lixeiro.

“Naquele dia quase desisti. Na porta de uma das academias estava decidido a ir para o mundo do crime, que me parecia o caminho certo para conseguir o que queria. Foi quando passou uma viatura e os policiais dentro dela me encararam feio, como se eu fosse o bandido mais perigoso do mundo, talvez, só por ser um menino de periferia. E eu não tinha feito nada. Isso me intimidou tanto que pensei ‘Não quero isso para a minha vida. Não tem outro jeito, vou vencer pelo esporte, que não me dará cadeia e nem morte’”, fala o esportista.

Ganhando o mundo aos 15 anos

O desespero de uma realidade cada vez mais difícil fez como que ele tomasse sua decisão mais importante, aquela que mudaria sua vida. Aos 15 anos, quase perdeu a mãe, que já estava cansada de viver trabalhando muito, nada dando certo, as forças se esgotando, as coisas todas faltando em casa.

“Foi aí que eu decidi. Deitei no colo dela, chorei muito e disse: ‘Olha, mãe, eu vou embora para São Paulo. Vou treinar muito, me dedicar de corpo e alma, vou lutar muito e só voltarei para casa quando me tornar o melhor do mundo, quando tiver dinheiro suficiente para que nunca mais falte nada para nós”, lembra.

Foi desafiador chegar à capital paulista sem dinheiro, só com o desejo de lutar e vencer. Da Rodoviária do Tietê foi direto para o projeto social de Jiu-Jitsu “Lutando pelo Bem”, do mestre Cícero Costa, seu treinador até hoje, local que só descobriu porque um amigo do Ipiranga lhe emprestou o celular para que pesquisasse na Internet uma saída para a vida que levava.

“Disse ao professor que queria fazer parte da equipe dele, que me dedicaria e faria o que fosse preciso para ser um grande campeão e mudar a história da minha família. Depois de uma longa conversa ele me aceitou, me deu até um cantinho para dormir e me deixou treinar”, ressalta Thalys.

O treinador Cícero Costa lembra como tudo começou. “Ele veio treinar comigo quando era apenas uma criança. Vi seu talento e o apoiei. Sempre foi muito determinado e sempre treinou duro. E hoje ele é o número 1 do mundo”, salienta.

Thalys conta que sua vida em São Paulo foi difícil. “Treinávamos muito. Houve momentos completamente desconfortáveis que foram muito marcantes. Foram muitas lutas e trabalho árduo. Em 2017, graças à ajuda de muita gente e de uma empresa de Ribeirão Preto, a Disk Doces, disputei o Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu na Califórnia”, fala.

As vitórias vieram e foi tudo “como um filme”, segundo o lutador. Um garoto da periferia de Ribeirão Preto, depois de seis lutas muito difíceis, chegou à grande final. Ali eu vi que Deus é bom o tempo todo”, lembra emocionado.

Atualmente, o menino do Ipiranga divide seu tempo entre o Brasil e as diversas competições pelo mundo. Um tanto suspensas por conta da pandemia, as lutas voltaram ao cotidiano de Thalys: ele embarcará de volta aos EUA no dia 31 de agosto para recomeçar os treinos.

Concurso Perplan “Ribeirão em Minha Vida”

A história de vida de Thalys Pontes vai muito além do amor ao esporte. É um caso de amor pela família, pela mãe Luciana, de busca por dignidade e oportunidades. História de um jovem que queria ser um vencedor, ser alguém na vida, não para si, mas para mudar sua trajetória e daqueles que o cercam.

“Essa é, na verdade, a história de milhares de jovens que buscam por um caminho. Thalys, felizmente, encontrou o esporte. Por isso sua história é tão inspiradora, porque evidência a importância social de apresentarmos rumos e alternativas de vida digna aos jovens da nossa cidade”, ressaltou Ismael Silva, coordenador de Marketing Digital da Perplan e idealizador do concurso.

O Concurso “Ribeirão em Minha Vida” foi criado pela Perplan para homenagear a cidade pelos seus 164 anos, comemorado em 19 de junho de 2020. “A melhor forma de homenageá-la é contando as histórias de quem faz de Ribeirão Preto um lugar tão especial para se viver”, disse Ismael Silva.

“Assim como os que criaram e trabalharam firme para construir a Perplan, temos muito orgulho da cidade que nos acolheu e nos fez crescer. Por isso quisemos valorizar e ouvir mais histórias de moradores que precisam ser conhecidas, partilhadas”, afirmou o diretor Presidente da empresa, Ricardo Telles.

Os entrevistados da primeira série de histórias, veiculada nas Redes Sociais da Perplan em comemoração ao aniversário de Ribeirão Preto, foram Mariana Jábali, presidente da Fundação Theatro Pedro II e do Fundo Social de Solidariedade; Reginaldo Nascimento, maestro da Orquestra Sinfônica da cidade; Gustavo Ferreira de Oliveira, presidente da Unimed; Rodrigo Silveira, sócio-proprietário da Cervejaria Invicta; e o jornalista Chico Ferreira, coordenador de Jornalismo da Record TV Interior.

Foram inscritas 60 histórias. “Este projeto foi muito especial, principalmente, por termos envolvido toda a empresa na escolha dos melhores cases”, lembra Vanessa Mendes, coordenadora de Marketing da Perplan.

Os colaboradores da empresa é que escolheram a melhor história. A de Thalys recebeu mais de 70% dos votos. A história do Fenômeno do “Jiu-Jtsu” também virará um vídeo, que será veiculado nas Redes Sociais da Perplan.

“Fazemos nossos projetos para as pessoas. Cada bairro criado, cada apartamento construído, tudo é idealizado com o compromisso de entregar aos moradores o melhor lugar para se viver. Por isso nossas ações de Marketing comungam dessa proposta de estar sempre conectados, estabelecendo uma comunicação direta e verdadeira com as pessoas e suas histórias”, salienta Rodrigo Camargo, diretor Comercial e de Marketing da Perplan.

Confira aqui o depoimento do vencedor do concurso da Perplan: